quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

POLÍTICA AMBIENTAL


O valor econômico do meio-ambiente

Estipulada pela ONU, uma das metas do milênio é acabar com os processos de desmatamento e poluição em prol da recuperação ambiental e climática, sendo que o prazo previsto para a obtenção desse resultado terminaria em 2050. Levando em consideração o volume de poluição e a quantidade de delitos contra o meio-ambiente, essa data exigiria um engajamento muito maior do que se vê atualmente.

Um dos mecanismos criados baseados nessa resolução, conhecido como Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), estabelece pagamentos aos países que conseguirem reduzir suas cotas de emissão de gás carbônico, de forma a provocar uma participação mais abrangente. Contudo, tão logo o projeto foi divulgado, surgiram críticas. O tema central de descontentamento se baseia no fato de que o projeto recompensa países que eram poluidores e frearam tal ação, mas deixa de premiar aqueles países que já atuavam sustentavelmente.

Na verdade, teme-se que, envolvendo dinheiro no desenvolvimento dessa meta, alguns países pobres não-poluidores passem a alterar suas posturas visando arrecadar os créditos do projeto futuramente. Um dos idealizadores do sistema, o italiano Andréa Cattaneo, havia estimado que o Redd poderia chegar a movimentar até US$ 40 bi por ano, algo que só não se concretizou devido à crise financeira mundial. Cada tonelada de CO² não emitido, ou reduções certificadas de emissão (RCEs), equivale a um crédito, cuja cotação tem oscilado desde sua criação, mas que não impediu que este ascendesse como um novo commoditie nas relações comerciais e financeiras.

Dado as proliferantes notícias de vendas de crédito de carbono é de se chegar à conclusão que a quantidade de emissões tem diminuído. Ou não? É difícil crer nas estatísticas quando todas diferem entre si, e também é difícil apostar nas tomadas de resoluções quando, ao mesmo tempo em que se incentivam créditos em troca da não-emissão, existem créditos para emissão dos gases nocivos, ou seja, se pode comprar o direito de poluir e, quem não utilizar todos os seus créditos pode vendê-los. Não parece que nessa política se esteja priorizando o meio-ambiente, a impressão é que foi criado apenas mais um elemento para manipulação econômica.

De qualquer forma, diversas lideranças vêm se reunindo para encontrar mecanismos que regulem a política de créditos de carbono. A Universidade de Yale, por exemplo, tem promovido diálogos desde 2007, que ficaram conhecidos pelo nome de “Diálogo das Florestas”, e vários organismos internacionais tentam fazer pressão junto aos governos nacionais para conseguirem maior engajamento em relação à meta ecológica. Se os efeitos nocivos não forem zerados até um futuro próximo, as catástrofes serão certas.

Por Maricy Ferrazzo
(primeiramente publicado no O Na Ponta dos Dedos - http://onapontadosdedos.blogspot.com/2009/10/meta-do-milenio-recuperacao-ambiental.html )

Fontes: The Forests Dialogue
ecodebate.com.br
WWF Brasil
Folha Online
Imagem: ccbi.com.pt

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